quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O que acontece nos bastidores?

Um grande amigo meu conta a seguinte anedota:

"Estávamos em um churrasco, e lá chegou o Marco Aurélio Cunha. Um amigo meu chegou para o dirigente são-paulino e perguntou: 'porque raios o Muricy escala o Richarlysson? Ele não sabe o que está fazendo?'. A resposta do Marco foi categórica: 'você está lá todo dia? Você vê todos os treinos? Então não tem como falar".

De fato, é difícil saber o que acontece nos bastidores. Mesmo os comentaristas não estão lá, com informações de bastidores para saber as escolhas do técnico, mesmo porque as melhores análises são aquelas que fazem bastante sentido, e não necessariamente as que tenham forte embasamento em informações sólidas.

O caso é que, após o empate do Palmeiras nesta quarta, o Marcos saiu disparando, como sempre:

"Tem cara que ganha R$ 40 mil, R$ 50 mil, fica rico, e vai pegar um monte de menininha por aí. Se o cara tem capacidade para fazer filho, tem que ter capacidade também para suportar a pressão que é estar no Palmeiras"

"Ficou muito fácil ser jogador. O cara com 20 anos se não ganhar agora, amanhã pode se transferir para o Corinthians ou outro clube. Não faltam times. Mas para mim, com 36 anos, ver um título ficar tão distante não é fácil. Eu não terei tantas outras oportunidades. Será uma das maiores decepções da minha carreira. Pelos últimos resultados, você vê que faltou personalidade"


Dois pontos a se ponderar do Marcos:

1- Não me estranha ele estar no período de transição de jogador para torcedor do Palmeiras. Ainda mais que, nos piores resultados desse ano (nos que ele mais reclamou), ele pouco foi acionado, e passou a maior parte do tempo vendo a partida.

2- O Marcos não é bobo - nem os jornalistas. Pode ter certeza que ele não diz mais essas palavras sem pensar o que fala. Todo final de jogo ele fala, e sempre atira contra o resto do elenco. Teria que ser muito burro para cair na mesma armadilha dos repórteres toda vez.



Então, mais uma vez, o que acontece nos bastidores?

Os problemas do Palmeiras são sabidos: o defende mal, não joga pelo meio do campo, todas as jogadas de ataque são criadas com passes longos dos zagueiros para os atacantes ou jogadas de bola parada. Não creio que seja possível que o Muricy não tenha percebido isso (ou não tenha visto um programa de televisão).

Isso me faz imaginar o que realmente acontece fora de campo. A crítica do Marcos é de vontade e pressão dentro ou fora de campo? Um time pode bem correr durante o jogo, mas não levar à sério os treinos, ou o que o treinador comanda. Pode jogar para ganhar, mas não se importar com a derrota, caso ela venha a acontecer.

Particularmente, acho que metade das coisas se decide por de trás dos jogos. Não digo mais que a metade porque o jogo é o que decide o resultado, uma parte bem importante. Mas acho que mais que organização, é preciso de profissionais que trabalhem o psicológico do atleta a todo o instante. Porque eu imagino que não há momento bom para um atleta destemperado. Talvez só um: o de disputa total. Se o time está muito mal ou muito bem não serve, se não disputa nada também não motiva.

E aí não são os salários que motivam os jogadores. Tá certo que eles ganham o bicho, mas, sinceramente, você precisa de um prêmio gordo para um cara que já ganha $15mil por partida.

Eu vejo a falta de comprometimento fácil de acontecer. Um bom jogador recebe quase o mesmo ganhando ou perdendo, e, desde que não jogue mal, consegue espaço em outros times. Além disso, jogadores já fizeram centenas de partidas, e já ganharam e já perderam bastante. Futebol é um trabalho, e perder faz parte.

Mas paro por aqui, porque sempre que penso na irracionalidade do futebol fico um pouco arrependido de torcer para algum time, e é duro quando a racionalidade vai de encontro a um valor moral.

Nenhum comentário: