segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Palmeiras, 5º colocado

Não tem muitas explicações novas além das que já foram dadas pelo fracasso do Palmeiras. Também não acho que qualquer explicação poderia deixar de fora a interferência dos fatos extra-campo do time: a perda de equilíbrio do Belluzzo depois do jogo contra o Fluminense, a briga do Maurício com Obina, a agressão ao Vágner Love. Também pode ser levado em conta um problema interno na equipe técnica do Palmeiras, já que é a terceira vez que o time cai de produção no final do ano.

O que eu vou postar é uma parte do problema, técnica e tática, dentro do time do Palmeiras, com a chegada do Muricy.

A princípio a chegada do Muricy não foi uma escolha equivocada. Claro que se o Jorginho tivesse ficado no time e tivesse ganho o campeonato a escolha seria errada, mas não dá para saber do que não aconteceu.

Mas o período Jorginho tem importância no caso. Ironicamente, quando perguntaram para o Muricy sobre o São Paulo, ele falou: "O cara chegou lá, tentou mudar, mas não dá para mudar, é aquilo mesmo". Muricy chegou com um time pronto, tentou mudar, não conseguiu, e só foi bem sucedido quando jogou como o time já estava jogando. Mudou e o time perdeu a vaga na Libertadores.

Com Jorginho, o Palmeiras jogava em um estilo clássico para o futebol brasileiro: uma linha de 4 atrás, dois volantes, dois meias e dois atacantes. Em seis jogos foram 5 vitórias e uma derrota. O time jogava com posse de bola, pelo chão.

Na chegada de Muricy, ele deu um passo atrás nesse esquema: jogou com 3 volantes e um meia, e com o Diego Souza na frente. Esquema que deu certo contra o Corinthians, pelo esquema do Corinthians: dois volantes marcavam os pontas do adversários, e saiam em suas costas para jogar.

O ponto de mudança da mentalidade do Muricy foi a perda de Maurício Ramos e Pierre. A lesão do Cleiton Xavier conta, mas para mim era uma desculpa para o medo do Muricy de montar um time mais ofensivo sem seus principais atletas de defesa. Também falam na desconfiança com Deivid Sacconi. É possível, mas, do jeito que o Muricy é, é bem capaz que ele não visse um problema tático no Palmeiras.

Com a lesão de Maurício Ramos e Pierre, o Muricy teve medo de ter um time fraco na defesa. Mas tanto medo que saiu de um 4-2-2-2 , para um 3-4-1-2, colocando um zagueiro no lugar do Cleiton Xavier. O problema desse time era jogar longo, sempre no contra-ataque, o que dava o jogo para o adversário atacar.

Havia um buraco no meio-de-campo, já que o Diego Souza não jogava na armação, e os volantes defendiam. Esse era o maior problema da equipe, que defensivamente desarmava bem, mas sempre no campo de defesa; após o desarme, tentavam o lançamento, os atacantes ficavam sozinhos contra os defensores dos times adversários.

Mas o time jogou bem em alguns momentos da série terrível de final de ano: após o primeiro gol do Santo André, o jogo contra o Goiás e o jogo contra o Atlético-MG. Em todos eles, a mesma configuração: um time com posse de bola, criando jogadas pelo chão. Mas foram duas partidas e meia em 11.



E porque o Muricy não trocou o time? Pois achava que o time tinha problemas defensivos, mais do que criação, pelos gols ridículos que o time tomava. E, de fato, a defesa tinah problemas técnicos, e o time problemas táticos.

O jogo contra o Atlético-MG é o ponto principal do argumento: o Palmeiras entrou, de novo, no 4-2-2-2 e jogou bem, com marcação na frente e criando jogadas pelo chão. A volta de Maurício Ramos e Pierre pareciam ser a solução dos problemas do time.

Contra o Botafogo, o elenco estava completo e o time entraria no 4-2-2-2. Tudo certo, até dois lances de perigo do Botafogo no final do primeiro tempo, que serviu para acabar com a confiança do Muricy. Com a vitória de 2x0 do Internacional, não havia mais motivos para o Palmeiras atacar. E, se não há porque atacar, vamos defender!, é a filosofia do Muricy. Tirou Deivid Sacconi, colocou o Sandro Silva, recuou o Edmilson e voltou ao esquema dos dias ruins do Palmeiras. Resultado: derrota.

O problema não é a mentalidade do Muricy, mas a ineficiência desse tipo de esquema de jogo no time do Palmeiras. Talvez pela inapropriação da mentalidade defensiva com o estilo e capacidade dos jogadores - e talvez atacar seja a melhor defesa para um time que tem zagueiros fracos.

Mas nesse ponto outros problemas internos ao elenco do Palmeiras, como racha do elenco podem ter influenciado para a péssima atuação da equipe. Eu acho mais difícil, porque com a tática e os jogadores certos, o Palmeiras jogou bem, com a tática e os jogadores errados, o Palmeiras jogou mal.

A diretoria disse que manterá a base do elenco, que é forte, quando montada de maneira correta. Deve manter o técnico, e a dúvida é se o Muricy vai aprender com a lição, e perceber que com esse elenco o time precisa jogar para frente. Ter um estilo de trabalho é interessantes, mas às vezes é preciso mudar esse estilo para ter-se um bom trabalho. É isso que o Palmeiras precisa para o ano que vem.

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