Não tem muitas explicações novas além das que já foram dadas pelo fracasso do Palmeiras. Também não acho que qualquer explicação poderia deixar de fora a interferência dos fatos extra-campo do time: a perda de equilíbrio do Belluzzo depois do jogo contra o Fluminense, a briga do Maurício com Obina, a agressão ao Vágner Love. Também pode ser levado em conta um problema interno na equipe técnica do Palmeiras, já que é a terceira vez que o time cai de produção no final do ano.
O que eu vou postar é uma parte do problema, técnica e tática, dentro do time do Palmeiras, com a chegada do Muricy.
A princípio a chegada do Muricy não foi uma escolha equivocada. Claro que se o Jorginho tivesse ficado no time e tivesse ganho o campeonato a escolha seria errada, mas não dá para saber do que não aconteceu.
Mas o período Jorginho tem importância no caso. Ironicamente, quando perguntaram para o Muricy sobre o São Paulo, ele falou: "O cara chegou lá, tentou mudar, mas não dá para mudar, é aquilo mesmo". Muricy chegou com um time pronto, tentou mudar, não conseguiu, e só foi bem sucedido quando jogou como o time já estava jogando. Mudou e o time perdeu a vaga na Libertadores.
Com Jorginho, o Palmeiras jogava em um estilo clássico para o futebol brasileiro: uma linha de 4 atrás, dois volantes, dois meias e dois atacantes. Em seis jogos foram 5 vitórias e uma derrota. O time jogava com posse de bola, pelo chão.
Na chegada de Muricy, ele deu um passo atrás nesse esquema: jogou com 3 volantes e um meia, e com o Diego Souza na frente. Esquema que deu certo contra o Corinthians, pelo esquema do Corinthians: dois volantes marcavam os pontas do adversários, e saiam em suas costas para jogar.
O ponto de mudança da mentalidade do Muricy foi a perda de Maurício Ramos e Pierre. A lesão do Cleiton Xavier conta, mas para mim era uma desculpa para o medo do Muricy de montar um time mais ofensivo sem seus principais atletas de defesa. Também falam na desconfiança com Deivid Sacconi. É possível, mas, do jeito que o Muricy é, é bem capaz que ele não visse um problema tático no Palmeiras.
Com a lesão de Maurício Ramos e Pierre, o Muricy teve medo de ter um time fraco na defesa. Mas tanto medo que saiu de um 4-2-2-2 , para um 3-4-1-2, colocando um zagueiro no lugar do Cleiton Xavier. O problema desse time era jogar longo, sempre no contra-ataque, o que dava o jogo para o adversário atacar.
Havia um buraco no meio-de-campo, já que o Diego Souza não jogava na armação, e os volantes defendiam. Esse era o maior problema da equipe, que defensivamente desarmava bem, mas sempre no campo de defesa; após o desarme, tentavam o lançamento, os atacantes ficavam sozinhos contra os defensores dos times adversários.
Mas o time jogou bem em alguns momentos da série terrível de final de ano: após o primeiro gol do Santo André, o jogo contra o Goiás e o jogo contra o Atlético-MG. Em todos eles, a mesma configuração: um time com posse de bola, criando jogadas pelo chão. Mas foram duas partidas e meia em 11.
E porque o Muricy não trocou o time? Pois achava que o time tinha problemas defensivos, mais do que criação, pelos gols ridículos que o time tomava. E, de fato, a defesa tinah problemas técnicos, e o time problemas táticos.
O jogo contra o Atlético-MG é o ponto principal do argumento: o Palmeiras entrou, de novo, no 4-2-2-2 e jogou bem, com marcação na frente e criando jogadas pelo chão. A volta de Maurício Ramos e Pierre pareciam ser a solução dos problemas do time.
Contra o Botafogo, o elenco estava completo e o time entraria no 4-2-2-2. Tudo certo, até dois lances de perigo do Botafogo no final do primeiro tempo, que serviu para acabar com a confiança do Muricy. Com a vitória de 2x0 do Internacional, não havia mais motivos para o Palmeiras atacar. E, se não há porque atacar, vamos defender!, é a filosofia do Muricy. Tirou Deivid Sacconi, colocou o Sandro Silva, recuou o Edmilson e voltou ao esquema dos dias ruins do Palmeiras. Resultado: derrota.
O problema não é a mentalidade do Muricy, mas a ineficiência desse tipo de esquema de jogo no time do Palmeiras. Talvez pela inapropriação da mentalidade defensiva com o estilo e capacidade dos jogadores - e talvez atacar seja a melhor defesa para um time que tem zagueiros fracos.
Mas nesse ponto outros problemas internos ao elenco do Palmeiras, como racha do elenco podem ter influenciado para a péssima atuação da equipe. Eu acho mais difícil, porque com a tática e os jogadores certos, o Palmeiras jogou bem, com a tática e os jogadores errados, o Palmeiras jogou mal.
A diretoria disse que manterá a base do elenco, que é forte, quando montada de maneira correta. Deve manter o técnico, e a dúvida é se o Muricy vai aprender com a lição, e perceber que com esse elenco o time precisa jogar para frente. Ter um estilo de trabalho é interessantes, mas às vezes é preciso mudar esse estilo para ter-se um bom trabalho. É isso que o Palmeiras precisa para o ano que vem.
Mustang + Skate
Há 14 anos
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