sexta-feira, 19 de junho de 2009

Queimando Craques

Há tempos venho percebendo que a torcida e o Luxemburgo vem queimando o Keirrison, de forma equivocada.



Agora, com a eliminação da Libertadores, esse fenômeno se intensifica, e com a eliminação do São Paulo, outro jogador deve juntar-se ao Keirrison na fogueira do futebol brasileiro: Hernanes. Com certeza o são-paulino será cornetado como o Keirrison foi, ontem, falando que são jogadores que somem na hora da decisão.

Esse argumento de que "jogador bom brilha em decisão", para mim, é desculpa de comentarista para explicar porque o time perdeu, quando na verdade esse argumento não explica nada. A perda do time não pode cair só sobre um jogador, a não ser que o time todo tenha tido uma exibição primorosa, e só esse jogador estragou tudo (o que eu nunca vi na vida). Se o Palmeiras tivesse criado 2000 oportunidades, e o Keirrison desperdiçado todas, ele seria o culpado; ou se o Hernanes tivesse errado todos os passes para os atacantes, também seria só ele o culpado - mas quando o time joga mal, não tem como culpar só um jogador.



(sem falar que o Keirrison da velocidade na criação de jogadas do Palmeiras, o que os outros jogadores não fazem; e o Hernanes colocou dois atacantes são-paulinos com chances de marcar dentro da área com lançamentos quase do meio-de-campo, que não são lembrados porque os atacantes perderam o gol).

Falar que esses jogadores jogam mal não explica a derrota - só atesta um fato que qualquer um pode ver pela televisão. Um bom comentarista deveria explicar esses fatos, já que por si só fatos não explicam, só mostram. Até por isso são poucos os bons comentaristas na mídia brasileira, já que muitas vezes, por serem jornalistas, dão mais ênfase à notícia do que ao que não se pode ver, pois é de se esperar que um jornalista se apegue aos fatos concretos (não há nada de errado com isso, e não preciso dizer que não são todos os jornalistas assim, mas cobrir o jogo não é comentá-lo, mesmo que não seja ao vivo).

Queimar esses jogadores é típico de comentaristas que acham que só existiu futebol em 70 e 82, e esperam que o Keirrison seja como um tostão, um Careca, e que o Hernanes seja como o Falcão ou o Gerson, como se algum dia eles aceitassem que os jogadores atuais possam ser melhores que os jogadores de antigamente; o pior, como se esses jogadores modelos tivessem ganhado todos os jogos decisivos que jogaram. São os mesmos que depois choramingam quando os bons jogadores vão para fora, sem perceber que eles ajudaram para isso.

Um exemplo que vem a calhar foi o de Kaká, que ao dar a entrevista coletiva sobre sua transferência para o Real Madrid, não agradeceu o São Paulo por sua evolução: de fato, sem apoio da torcida e chamado se amarelão pela mídia, eu também não guardaria boas lembranças daqui; o que o Keirrison também não vai guardar, infelizmente.

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