*texto de Mauro Cezar Pereira, publicado em seu blog pela ESPN.
Esqueçam os grupos organizados que têm filosofias específicas, como torcer todo o tempo, nunca vaiar, coisas assim, embora até mesmo essas facções caiam na tentação da vaia fácil. Observe, sim, o comportamento do torcedor em geral, que vai aos estádios brasileiros. Cada vez mais se acentua uma característica negativa, que derruba qualquer time: os caras vão aos jogos para reclamar, vaiar.
Leonardo Moura evidentemente exagerou ao xingar ante as câmeras de TV ao empatar o jogo com o Náutico. Poderia ter feito como Juan, que em situação idêntica marcou para o Flamengo sobre o Vitória e protestou em silêncio. Ele não comemorou. Leo Moura havia feito isso contra o Atlético Mineiro, três dias antes. Ou seja, vem sendo vaiado não é de hoje. Domingo ultrapassou o limite.
Mas e a tal voz da arquibancada, não teria ultrapassado o limite? Veja que o lateral rubro-negro marcou nos dois últimos jogos, participou dos lances que originaram os tentos na virada sobre o Santos e é, no campeonato, o atleta do Flamengo que mais desarma. Ou seja, mesmo sendo muito ofensivo, no time Leonardo Moura é quem mais toma a bola dos adversários.
Sim, ele ainda pode render mais. Mas será que tem jogado tão mal assim? Claro que não, a pior fase do jogador, na realidade, até já passou, mas as vaias não. Tal comportamento é comum e não se trata de exclusividade desta ou daquela torcida. E evidente que esse post terá muitos comentários do tipo "a torcida do meu time não é assim, ela é diferente". Antecipadamente discordo.
No Sul, os torcedores do Grêmio, que adeririam à moda argentina de torcer (e no país vizinho durante o jogo só se empurra o time, sempre) foram capazes de levar faixas contra Celso Roth até que ele fosse demitido. E com o contestado técnico o time já construia a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores deste ano. Vá entender.
Na Vila Belmiro, é comum o comportamento irritadiço de torcedores que esperam dos jogadores em campo desempenho digno de Pelé & Cia. Não por acaso o estádio ficou famoso pela "chuva" de chinelos que atiravam o gramado. E o alvo não era apenas o pessoal do time visitante. A onda só parou devido às punições do tribunal, mas a impaciência do público segue a mesma.
No Palestra Itália a Turma do Amendoim reclama de tudo e de todos mesmo com o jogo em andamento e o Palmeiras em dificuldade. Em partidas ruins do time, há quem se comporte assim quando o São Paulo vai a campo no Morumbi, mesmo com a vitoriosa fase do clube, entre outros exemplos diversos. Claro que há trégua quando tudo vai bem e a equipe vence, ganha títulos.
Mas a impaciência e a implicância caracteriza o torcedor brasileiro. Não todos, claro, mas não são poucos. Essas pessoas não percebem que, assim, atrapalham o próprio time de coração. Precisam aprender a esperar o final do jogo para então protestar, se as coisas forem mal. Com bola rolando, o torcedor deveria apenas torcer, apoiar, como fazem os argentinos. Ou ficar em casa.
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Mauro Cezar é um dos melhores comentaristas de futebol no país, e concordo com suas palavras.
Citaria as torcidas "organizadas" que disputam dentro do estádio para ver "quem apóia mais", quando, se agissem unidas, ajudariam muito mais o seu time. Se elas mesmas são partidos da torcida, como podem imaginas que representam os torcadores como um todo?
Mustang + Skate
Há 14 anos
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