sábado, 15 de agosto de 2009

Discussão sobre o calendário [2]

Enquanto a maioria da mídia parece favorável a alteração do calendário, meu fórum de discussão vê com bastante receio essa mudança.

Ontem, no Bate-bola primeira edição, da ESPN, o PVC apresentou um argumento interessante, criado pelo presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo:

Os times vendem porque fazem seu orçamento contando a venda de um jogador. Os presidentes de Grêmio e Internacional já disseram que é impossível não fazê-lo. Com a mudança de calendário, os times continuarão interessados em vender jogadores, mas a venda, sendo feita no final do ano, estará atrelada ao desempenho no futebol, já que quem for melhor no campeonato vende melhor seu jogador. O Diego Souza campeão vale 10, se for terceiro vale 5.

O Belluzzo, como grande economista que é, consegue ver relações interessantes entre os fenômenos, que são menos plausíveis do que soam; mais ou menos como a Teoria das Vantagens Comparativas, de David Ricardo: soa muito correta, mas não acontece na vida real.

A relação do desempenho com a venda é, de fato, bem plausível. O que não é totalmente plausível é que os times irão segurar jogadores até o final da temporada. Os times podem vender as promessas no meio da temporada, por vários motivos.

Primeiro, provavelmente os campeonatos regionais serão no começo da temporada, e darão visibilidade para os jogadores, assim como a Copa do Brasil, se a estrutura básica do calendário continuar a mesma. O Corinthians vendeu os melhores jogadores pela exposição nesses dois campeonatos; se Douglas, André Santos e Cristian fossem campeões brasileiros valeriam muito mais, mas isso não importou para o clube.

Segundo, e o mais importante, é que vários jogam e só um ganha. A janela de janeiro, como a de julho/agosto, aconteceria no meio do campeonato, e muitos times provavelmente teriam algumas traçadas. Além disso, mais tempo no clube não significa valorização, e o time pode certamente preferir vender a promessa agora do que esperar sete meses.

O argumento do Belluzzo realmente serve para o momento do seu time no campeonato. Mantêm-se os principais jogadores com aumento de salário e promessa de valorização, mas esses jogadores enxergam a valorização no médio prazo.

Como o próprio Belluzzo disse, "não podemos desprezar a importância do vil metal". A mudança de calendário pode amenizar a saída de jogadores (pois não resolve), mas ela, por si só, tem uma importância mais amena do que outras mudanças no futebol, além do contexto econômico.

È esperar para ver, mas eu não espero muito.

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