Nesta semana explodiu um depoimento do diretor de futebol do Goiás, Marcos Figueiredo, à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre: "Existe uma dívida de gratidão. Os colorados podem contar com a gente".
Ele se referia ao campeonato de 2007, em que o Goiás, ao vencer o Internacional, escapou do rebaixamento e derrubou o Corinthians.
Na época se falou de uma "Aliança Gaúcha" para rebaixar o Corinthians: o Grêmio faria sua parte, e o Internacional facilitaria a partida. O depoimento do diretor do Goiás deixa nas entrelinhas que, de fato, houve um acordo entre Goiás e Internacional para que o time gaúcho facilitasse a partida.

Anteriormente, mas nesta mesma semana, o técnico do Internacional, Mário Sérgio, disse algo mais ou menos assim: "a mala branca é um problema que só ocorre nos pontos corridos". Numa decisão de mata-mata, ninguém precisa de incentivo para ganhar do outro, e o vencedor será sempre um futuro adversário, não há por que dar dinheiro para o inimigo.
Se não levarmos em conta que, num campeonato "misto" com duas fases, e uma delas de pontos corridos, sempre há abertura para mala branca. Mas o ponto principal é que times sem pretensão de título e que ainda participam do campeonato só existe nos pontos corridos.
Os dois fatos abrem a discussão: os pontos corridos não seriam o campeonato da falcatrua? Porque nas rodadas finais, todos os times que não disputam podem ser alvos de malas-brancas e até malas-pretas, já que o resultado não importa para a sequencia do campeonato. Por que motivo jogar um ano inteiro para, nas últimas semanas, a corrupção tomar conta dos resultados?
Como disse anteriormente, não há porque colocar na discussão argumentos que não fazem parte da discussão. Se a mala-branca ou a mala preta é um crime ao esporte (mesmo que a mala branca não seja um crime, legalmente falando - mesmo que o presidente do STJD tenha dito que mala branca também é crime), a culpa não é do sistema de disputa, e sim do caráter desonesto de quem faz os atos. Podem haver acordos de resultados em todos os tipos de campeonatos, em todos os esportes. Assim, não há também cabimento imaginar que a mudança do sistema de disputa pune o infrator: a punição de um crime é caso de polícia, e não de futebol.
O que fica evidente nesse caso é que, se há um problema inicial, a inatividade dos times enquanto o campeonato acontece, existem algumas saídas, e nenhuma é perfeita: num campeonato de mata-mata, como a Copa do Brasil, você elimina metade do campeonato por rodada, deixando poucos times em atividade até o final. No campeonato de pontos corridos, vários times chegam às últimas rodadas sem pretensão nenhuma no campeonato, com receitas de vendas de artigos esportivos e ingressos diminuídas; e
num campeonato misto, com uma fase de pontos corridos e outra de mata-mata, você pode tar os dois problemas amenizados: uma fase com times sem ter o que fazer, mas em número menor, dependendo de quantos se classificam para a segunda fase, e outra fase eliminando metade dos times por rodada, mas num tempo bem mais curto.
Não há solução plena, cabe a CBF decidir, na análise das opções, a menos ineficiente.
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