segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O Campeonato com Final Esdrúxulo

Ontem, no blog do Juca Kfouri:

Se o São Paulo perder do Goiás, no Serra Dourada;

o Flamengo empatar com o Corinthians, no Brinco de Ouro;

o Inter ganhar do Sport, na Ilha do Retiro;

e o Palmeiras ganhar do Galo, no Palestra Itália...

... todos chegarão à última rodada com 62 pontos.

Pontos corridos...

Que chatice!


Se, por um lado, é fantástico ter 4 times com o mesmo número de pontos nas rodadas finais, por outro é ridículo um time ser campeão por critérios de desempate.

Os defensores dos Pontos Corridos vivem procurando emoção e média de público para combater aqueles que defendem o Mata-Mata. Esquecem que emoção e média de público aparecem por outros motivos, mais importantes e independentes da fórmula do campeonato.

Todos os finais de campeonatos são emocionantes; o que o mata-mata faz é canalizar a emoção de colocar a decisão do campeonato em partidas finais. Mas isso não é um mérito per se; Corinthians x Botafogo-SP na final do Campeonato Paulista há alguns anos atrás não foi necessariamente emocionante.

O campeonato de pontos corridos, quanto mais equilibrado, mais emoção. Se todos os tims chegarem com 62 pontos na última rodada, quatro equipes estarão envolvidas na briga pelo título, o dobro de uma final de mata-mata; mas isso também não é um mérito - é uma conseqüência do contexto, neste caso.

Agora, se chegarmos à penúltima rodada com o quatro times empatados em 62 pontos, e acabarmos com 4 times com 65 pontos, o Internacional seria campeão pelo número de vitórias; se o Inter não fizer os 65 pontos e ou outros três fizerem, o campeão provavelmente será decidido pelo saldo de gols; pouco provável, mas pode ser decidido com gols pró.

Para mim, parece um exagero a decisão de campeonato ocorrer por critérios de desempate; de fato, se o nome é critérios de desempate, eles devem servir para desempatar, mas a decisão do campeonato parece fugir dos méritos do futebol jogado.

O primeiro critério de desempate é o número de vitórias, que deveria ter o peso de "fazer um time atacar mais", porque a vitória conta. Mas a vitória já vale 3 pontos, e ela sempre vale mais que o empate, que vale só 1. Além disso, se um time tem o mesmo número de pontos com uma vitória a mais, quer dizer que ele tem duas derrotas a mais, também. Por que tem mais méritos quem ganha mais, e não quer perde menos? Um time que joga no contra-ataque não é mais ofensivo que um time que pressiona no campo de ataque, mesmo que o primeiro tenha uma vitória a mais que o segundo, e o mesmo número de pontos.

Daí para frente temos: saldo de gols, gols pró, confronto direto em 180 minutos, cartões vermelhos, cartões amarelos e, para campeão, uma partida extra (para as outras posições é sorteio). São critérios que quem organiza o campeonato torce para nunca usá-losm dado a diferença em relação ao resultado e falta de precisão das variáveis (confronto direto, por exemplo, pode criar um impasse "jo-ken-pô" no caso de 3 times empatados; cartões são mérito do juiz; mais gols não significa ter melhor resultado, etc.)

Admito que esse problema poderia ser resolvido com um jogo extra, um triangular ou até uma semi-final, no caso dos quatro times. Mas isso faria com que o campeonato fosse decidido em "uma partida", e o que os defensores dos pontos corridos querem é "a justiça de um campeonato em que todas as partidas tem o mesmo peso".

O problema é que, quando chegamos a critérios de desempate, é muito provável que um campeonato seja decidido em uma única partida. O fato da decisão não ser explícita não a faz não ser pontual: o fato do Inter não ser campeão só porque ganhou do Atlético-MG não faz com que uma única vitória tenha sido decisiva. Isso porque não estamos falando de saldo de gols, gols pró, etc.

(desculpe a foto, mas não pude deixar passar).

Se chegamos aqui, qual é o problema de um campeonato ser decidido numa partida extra? E qual é o problema dele ser decidido com quartas-de-final, mesmo sem empate entre os primeiros colocados? Não é mais justo ou menos justo, nem mais pontual ou menos pontual: caso o Inter seja campeão pelo critério de desempate, é possível falar que o empate cotnra o São Paulo, em que ele fez 2 gols impedidos, foi decisivo - como uma final com dois gols impedidos.

Esse post não é em defesa dos pontos corridos, nem do mata-mata. Para mim, esta discussão ainda não é centrada em argumentos que sejam, de fato, inerentes às fórmulas do campeonato - e a decisão de um campeonato pelos critérios de desempate explicitam isso. Com os motivos errados, qualquer decisão sobre sistemas de disputa, seja qual for, será errada.

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