segunda-feira, 8 de março de 2010

Craque joga bem contra time grande

Sempre que se discute a capacidade individual de alguns jogadores, principalmente que atacam, um argumento que sempre aparece, a favor ou contra (geralmente contra), é o de que "jogador quando é bom joga bem contra times grandes, e não só contra times pequenos".

Ultimamente esse argumento está muito relacionado à discussão sobre a ida do Ronaldinho para a Copa do Mundo, já que se fala disso todo dia. Para ele, geralmente o argumento é usado por quem defende que ele não deve ser convocado para a Copa, e será usado nesta segunda, depois do empate do Milan com a Roma em 0x0.

Particularmente, não gosto do argumento. Ele está amparado em falar que tal jogador joga melhor contra times piores do que contra grandes times, pela lógica simples de que o zagueiro da Internazionale é melhor que o zagueiro do Siena.

Primeiro, não é necessariamente verdade. Li uma entrevista do Ronaldinho, uma vez, em 2005/06, e ele falou que o zagueiro que jogou melhor contra ele era um cara de time pequeno, que eu não lembro quem era, mas ele fez questão de citar o cara. O cara não é melhor que o Sergio Ramos, talvez, mas este não foi páreo para o Ronaldinho nos 3x0 no Bernabeu.



Segundo, todo mundo sabe que o futebol é coletivo, e que ser o melhor não garante a vitória. Contra o Manchester United, logo depois do segundo gol o Ronaldinho dá uma bola para o Inzaghi, que livre bate por cima do gol. Se o Inzaghi faz, o Ronaldinho teria saído com um gol e duas assistências, e numericamente sua performance teria sido melhor. Então a participação do Ronaldinho no jogo é decidida pelo Inzaghi?

Terceiro, como já disse, decidir um clássico não é o bastante. O que o jogador precisa, para estar em boa fase é regularidade. Se é fácil jogar contra o Siena, porque o J. Baptista não se destaca? O Kaká está apagado jogando contra Xerez e Sporting Gijon, para fazer a comparação com um cara do mesmo nível.

A linha de raciocínio é: se o Ronaldinho vai entrar para decidir no caso de estarmos perdendo, ele tem que mostrar que decide contra os grandes times, já que se estivermos perdendo, será para um grande time. Faz sentido, mas aí você leva o Robert, que meteu dois gols contra o São Paulo. Ou o Marcelo, que hoje no jogo do Real Madrid conra o Sevilla deu passe para o gol.

Só que assim você faz uma aposta mais arriscada. Quer dizer, você torce para que o Robert faça o que ele fez uma vez na temporada, ao invés de apostar no Ronaldinho, que fez isso 10 vezes na temporada, e que é o jogador brasileiro que tem mais feito isso na temporada.

E não falo necessariamente do Ronaldinho, pode ser qualquer jogador. O Keirrisson saiu do Palmeiras, e chamam ele de PipoKeirrison, porque ele jogou mal contra Santos e Nacional, do Uruguai, calhando em duas eliminações do time no primeiro semestre. A torcida falou que ele fazia corpo mole e até hoje acham que foi boa sua saída. Só que aí você espanta um cara que fez 25 gols em 34 jogos por causa de quatro partidas em que o time todo jogou mal. Isso é burrice, e o Palmeiras paga até hoje, com o fracasso de Love e Robert.

Lembro uma vez que, perguntaram para o técnico Caio Jr. quem ele achava que era craque, e ele deu essa resposta:

"Hoje começo a achar que craque não é o cara que tem lampejos de genialidade, mas sim o que tem regularidada. Não é o cara que joga uma partida nota 10 e vai mal nas outras, mas sim aquele que joga a maioria das partidas nota 8".


Esse é o Ronaldinho hoje, o cara que joga a maiora das partidas nota 8.

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