Arshavin no Arsenal!

Um professor meu da USP escreveu um dia, em sua prova, algo assim: "lembre-se que um bom texto é aquele que apresenta sua tese no começo, e depois a desenvolve"; talvez para não ter que ler uma questão errada, mas ele escreve desse jeito, então vou acreditar que ele acredita nisso, mesmo.

Sendo assim, minha tese é: as opções que o Arshavin dá para o Arsenal são as mesmas que o time já tem, mas que não pode usá-las porque os jogadores estão machucados.

Arshavin joga em três posições, para ser bem razoável com ele: como meia-atacante, como ponta esquerda ou como segundo homem do ataque. Centro-avante talvez, mas eu não banco.

Mesmo sendo um bom jogador, ele pode adicionar ao Arsenal de maneiras que outros jogadores pode fazê-lo, mas que não fazem porque estão machucados - o que não conta a curto prazo, mas conta no longo prazo; para qualquer lugar no campo que ele possa atuar, ele brigará com um bom jogador na posição.

Para a primeira posição, meia-armador, poderíamos pensar em um 4-3-3/4-5-1, que é quase a mesma coisa, para ele:

Almunia;
Sagna, Touré, Gallas e Clichy;
Denilson;
Fábregas e Arshavin;
van Persie, Adebayor e Nasri.

Para ele, esse seria o esquema perfeito, agora. O problema é com a volta do Rosicky, que joga exatamente nessa posição, como jogava quando o Nedved atuava com ele na seleção da República Tcheca.

Vale lembrar que o técnico do Arsenal, Arsené Wenger, não é muito ofensivo - e para esse esquema o Rosicky é mais marcador que o Arshavin; sem falar que o Wenger poucas vezes larga o 4-4-2, o que jogaria o Arshavin para a meia-esquerda, para ter um esquema mais ou menos assim:

Almunia;
Sagna, Touré, Gallas e Clichy;
Nasri, Denílson, Fábregas e Arshavin;
van Persie e Adebayor.

Nesse esquema ele briga não só com o Rosicky, mas com o Walcott, que sempre entra bem no Arsenal. Sem falar que não é a melhor posição para ele, principalmente se tiver que voltar para marcação.

Mas, voltando ao 4-3-3, ele poderia jogar na ponta-esquerda, e aí fica pior ainda, já que ele vai brigar por vaga com Nasri ou van Persie. Pode até acontecer do van Persie (ou o próprio Arshavin) ser deslocado para comando do ataque, mas aí é tirar o Adebayor - seria a minha opção, mas o Wenger gosta dele.

A mesma coisa acontece se o técnico mantiver o 4-4-2, e colocá-lo no ataque: sai van Persie ou Adebayor. Talvez seja a melhor forma de montar o Arsenal:

Almunia;
Sagna, Touré, Gallas e Clichy;
Nasri, Denílson, Fábregas e Rosicky;
van Persie e Arshavin.

Dá para jogar sem referência no ataque, mas tem que tirar o Adebayor: o problema não é nem falar que ele é pior que o Arshavin, porque é; o problema é tirar um jogador em grande fase: se o substituto não dá conta, você perde os dois jogadores, um queimado e um brigado com o técnico.

Mas, falar que o Arshavin é opção que o técnico já tme não é dizer que foi uma compra ruim, porque não foi. E não porque o time do Arsenal tem sempre jogadores machucados, porque, mesmo que os tenha agora, ou há 3 temporadas sempre tenha, isso não garante que vão ter daqui a 3 meses, quando todos estiverem de volta.

Vale porque, se um time quer subir ao próximo nível, tem que contratar jogadores bons, mesmo que sacrifique outros. Claro, vale para compor elenco, mas vale porque, se o Arshavin é melhor que o Adebayor, ou o van Persie, ele é boa contratação, sempre. Cagada é comprar jogadores demais para a mesma posição, ou reservas de luxo, que custam muito e dão pouco retorno ao clube. Pelo que fez na Euro e na Copa da Uefa, Arshavin é craque, e o Arsenal saiu na frente em comprá-lo.

Além disso, o Arsahvin é experiência, por ter tomado um papel de liderança nas equipes em que jogou (principalmente na seleção russa). Eu não costumo achar que o time precisa de experiência, necessariamente, mas como a média de idade do time do Arsenal deve ser de uns 23 anos (e se tirar Gallas, Almunia e Silvestre deve cair para 21), ele vai fazer diferença.

O que o Arshavin tem que mostrar é que merece jogar; daí escalá-lo não será um problema meu, mas sim do técnico. E, para mim, mais que isso: tem que mostrar que não foi jogador de meia temporada e dois campeonatos de grandes exposição, como Baros, Diuf e Quaresma(?!).