Geralmente eu sou contra as análises quantitativas no futebol. Mesmo com algumas informações realmente interessantes para a análise do jogo, muitas outras são bem inúteis (como número de escanteios).
Além disso, e o mais importante, os números não explicam nada, eles atestam os fatos. Saber como uma coisa é não é explicá-la; muito pelo contrário, não se explica o que não se sabe o que é.
Por mais complexo que seja um jogo de futebol, eles acontecem duas vezes por semana, enquanto os comentaristas trabalham seis dias por semana; ou seja: eles tem três dias para analisar qualitativamente as partidas. Podem ser muitas partidas, claro, mas não é necessário um tratado para se explicar uma partida de futebol: e um monte de estatísticas triviais não vai explicar. O Footstats é curiosidade.
Nesses últimos dias saíram dois posts com análises quantitativas que reforçaram meu argumento.
O primeiro foi do Mauro Cezar Pereira, sobre quais atacantes ficam mais em impedimento no Campeonato Brasileiro. Os números mostram quão fútil é essa estatística:
Média de impedimentos por partida:
1º) Roger (Vitória) 1,52
2º) Alex Mineiro (Atlético-PR) 1,33
3º) André Lima (Botafogo) 1,21
4º) Arce (Sport) 1,20
Fred (Fluminense) 1,20
6º) Felipe (Goiás) 1,11
7º) Kléber Pereira (Santos) 1,10
8º) Wallyson (Atlético-PR) 1,06
9º) Victor Simões (Botafogo) 1,05
Mas é de se perguntar por que o Mauro postou isso no seu blog. A resposta é simples: nem todo mundo tem acesso ao Footstats. Ou seja, é uma curiosidade.
O segundo post saiu hoje, do PVC, sobre quem está na briga para ser campeão. A análise dele não é tão quantitativa (o próprio PVC disse que acredita mais na história do que nos números), mas leva em conta os números mais do que eles deveriam ser levados em conta, na minha opinião.
Resumindo, ele fala que mesmo que o campeonato pareça polarizado entre Inter, Palmeiras e São Paulo, "os números não podem ser desprezados", e ano passado, a 13 rodadas do final, o campeão tinha 7 pontos a menos que o primeiro colocado, o que colocaria muitos outros times na briga.
Mas a questão é que, como o próprio PVC argumenta, "essa análise não leva em conta o futebol que as equipes jogam". Ora bolas, o que é mais importante? É possível ter diferentes análises com diferentes focos, mas, nesse caso, e para mim é uma máxima, o que importa no futebol é o futebol jogado.
E o futebol jogado pode ser representado pelas estatísticas, mas não explicado por elas. E, por mais rigoroso que pareça ser, os comentaristas são pagos para explicar o futebol jogado, ou seja, explicar as estatísticas, e não usá-las como explicação.
Mauro Cezar e PVC estão na elite de comentaristas aqui no Brasil, mas não é porque são eles, e porque gosto deles, que não posso descordar deles.
Mustang + Skate
Há 14 anos
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